Pessoal do 1 ano A e B... esses exercícios serão realizados amanhã em aula, portanto não apavorem!!!
TROVADORISMO
Uma das razões
dessa predominância foi o fato de a escrita
ser pouco
difundida na época , o que
favorecia a difusão da poesia , que era memorizada e transmitida oralmente . Os poemas
eram sempre cantados e acompanhados de instrumentos musicais e de dança
e, por esse
motivo , foram denominados cantigas .
Os autores dessas cantigas
eram trovadores
(pessoas que
faziam trovas , rimas ),
originando o nome Trovadorismo. Esses poetas geralmente
pertenciam à nobreza ou ao clero e, além
da letra , criavam também
a música das composições
que executavam para
o seleto público
das cortes . Entre
as camadas populares ,
quem cantava e executava as canções , mas não as criava, eram os jograis .
As cantigas
chegaram até nós
por meio
dos cancioneiros ,
coletâncas (reuniões ) de poemas de vários
tipos , produzidos por
muitos autores .
Os cancioneiros mais
importantes são
o Cancioneiro da Ajuda , compilado provavelmente no século XIII; o Cancioneiro da Vaticana , provavelmente compilado no século XV; e o Cancioneiro da Biblioteca Nacional
ou Cancioneiro
Colocci-Brancutti, compilado possivelmente no século
XIV.
Tradicionalmente se tem apontado a Cantiga da Ribeirinha
ou Cantiga da
Guarvaia, de Paio Soares de Taveirós, de 1189 ou
1198, como a cantiga
mais antiga
de que se tem registro .
As cantigas
foram cultivadas tanto no gênero lírico quanto no satírico .
Dependendo de algumas características que apresentam - como
o eu lírico ,
o assunto , a estrutura ,
a linguagem , etc. -, elas podem ser organizadas em quatro tipos . No gênero
lírico : cantigas de amigo
e cantigas de amor ;
no gênero satírico :
cantigas de escárnio
e cantigas de maldizer .
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SATÍRICAS
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DE
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DE
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DE
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DE
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sofrimento
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vassalagem
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estribrilho
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· O
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No
mundo non me
sei parelha ,
mentre
me for' como
me vai,
ca
ja inoiro por vós
- e ai
mia
senhor branca
e vermelha ,
queredes
que vos
retraia
Mao
dia me
levantei,
E,
mia senhor , des aquel di', ai!
e vós , filha de
don Paai
Moniz,
e ben vos semelha
d'aver
eu por
vós guarvaia,
(Paio Soares de
Taveirós)
No
mundo ninguém
se assemelha a mim (parelha : semelhante )
quereis
que vos
descreva (retrate)
E,
minha senhora ,
desde aquele
dia , ai
e vós , filha de
don Pai
Moniz,
e bem vos
parece
de
ter eu por vós
guarvaia (guarvaia: roupa luxuosa )
de
vós nunca
recebi
Leia, como exemplo , outra cantiga , escrita por D.
Dinis, rei de Portugal que viveu entre
1261 e 1325.
Perguntar-vos
quero por Deus ,
mesurada
e de bon prez,
de nunca mi fazerdes ben.
Pero
sempre vos
soub' amar ,
des
aquel dia que
vos vi,
mays
que os meus
olhos en mi ,
e
assy o quis Deus guisar ,
de nunca mi fazerdes ben.
Des
que vos
vi, sempr' o mayor
ben
que vos
podia querer
e
pero quis Nostro Senhor
de nunca mi fazerdes ben.
Mays,
senhor , ainda
con ben
se cobraria ben por
ben.
Fremosa:
formosa , bonita .
mesurada;
comedida .
bon
prez: honrada.
foron:
foram.
pero:
já que ,
porém ,
des:
desde .
mays:
mais .
auy:
assim .
quigi:
dei, dediquei.
a todo meu poder : de todo meu coração .
* Leia, a seguir ,
uma cantiga de amigo
do trovador Fernando Esguio , que
viveu entre os séculos
XIII e XIV.
Vaiamos,
irmãa , vaiamos dormir
(en)
nas ribas do lago ,
u eu andar vi
a las aves meu amigo .
Vaiamos,
irmãa , vaiamos folgar
nas
ribas do lago ,
u eu vi andar
a las aves meu amigo .
En
nas ribas do lago ,
u eu andar
vi,
a
las aves meu
amigo .
En
nas ribas do lago ,
u eu vi andar ,
a
las aves meu
amigo .
a
las que cantavam leixa-las guarir ,
a las aves meu amigo .
a
las que cantavam non nas quer matar ,
a las aves meu amigo .
vaiamos:
vamos.
u: onde .
leixa-las
guarir :deixava-as salvar-se.
1. Na cantiga ,
quem fala
(o eu lírico )
é uma moça que
se dirige a uma irmã, fazendo-lhe um convite .
a) Que
tipo de convite
é feito ?
b) O lugar
aonde pretende ir
é um ambiente
rural ou
urbano ?
2. Na época ,
era comum
as pessoas irem à beira
do lago , nas tardes
quentes , para
refrescar-se. Nessa cantiga , entretanto , é possível
depreender outro
interesse por
parte do eu
lírico . Interprete: qual
é esse interesse ?
3. Ao referir-se ao namorado , o eu lírico destaca as qualidades
da pessoa amada ,
especialmente sua
bondade . Explique: em
que consiste essa bondade ?
4. As cantigas
de amigo , em
grande parte ,
apresentam uma estrutura paralelística, isto é, uma construção formal baseada
na repetição parcial
ou total
de versos . Observe que
a 1ª e a 2ª estrofes são quase
idênticas, com a diferença
da troca de dormir
(1º verso da 1ª estrofe )
por folgar
(1º verso da 2ª estrofe ).
Essas repetições , que
se chamam paralelismo de par de estrofes ,
também ocorrem entre
os pares seguintes
de estrofes ? Justifique com partes do próprio texto .
5. A repetição
constante de versos
confere maior ritmo
e musicalidade ao texto . Por outro lado , confere também :
a) maior
profundidade de idéias
e sentimentos .
b) maior
superficialidade de idéias
e sentimentos .
A cantiga de escárnio
apresenta críticas sutis e bem-humoradas
acerca de uma pessoa
que é facilmente reconhecível pelos demais elementos da sociedade .
Há também cantigas
de escárnio em
que o poeta
satiriza a obra de outro
trovador . Vejamos um
exemplo de cantiga
de escárnio .
Pero
me vós ,
donzela , mal
queredes,
buscades
quen vos entouque melhor
e vos correja, polo meu
amor ,
as
feituras e o cós
que avedes.
entoucar-
pentear ou colocar touca .
correja:
corrija.
avedes:
tereis, havereis.
Faz-se na cantiga de maldizer ,
uma crítica pesada ,
com intenção
de ofender a pessoa
ridicularizada. Há o uso de palavras grosseiras (palavrões ,
inclusive ) e cita-se o nome
ou o cargo da
pessoa sobre quem se faz a crítica . Leia este
exemplo :
Soltade-m’, ai, senhor ,
e
jurarei, mandado , que
seja traedor.
Se
traiçon fezesse, nunca vo-la diria;
Soltade-m’, ai, senhor ,
e
jurarei, mandado , que
seja traedor.
e
dei-o a seu don’, e tenho que fiz gran cousa:
Soltade-m’, ai, senhor ,
e
jurarei, mandado , que
seja traedor.
e
dei-o a seu don', e ei
medo da morte .
Soltade-m’, ai, senhor ,
e
jurarei, mandado , que
seja traedor.
enganou-m'i
o pecado : o demônio
tentou-me.
vel:
ai!
soltade-m':
libertai-me da excomunhão .
Sousa:
local do qual
derivou o nome de uma família importante .
don:
D. Sancho II.
tenho
que fiz gran cousa: creio que cometi pecado .
Nessa cantiga , o eu lírico é um homem que pergunta à mulher amada por que ela não corresponde a seus
sentimentos . Teria ele
infringido alguma regra do jogo amoroso ? O
texto assume, assim ,
uma nítida intenção
argumentativa, já que
o desejo do eu
lírico é convencer
a mulher amada
a aceitar seu
amor .
Un
tal ome* sei eu ,
ai ben-talhada*,
vedes
quen é seed'en nembrada*;
Un
tal ome sei eu
que preto *
sente
de
si morte chegada certamente ;
vedes
quen é e venha-vos em mente *:
Un
tal ome sei eu :
aquest'oíde*:
vedes
quen é e non xe vos obride*:
ben-talhado:
bem-feita, formosa .
sa: sua .
seed'en
nembrado: não vos
esqueçais; lembrai-vos.
venho-vos
em mente :
tende em mente ;
lembrai-vos
aquest'oíde:
ouvi isto ; a expressão
tem a função de chamar
a atenção da mulher .
morr':
morre.
vo-lo
en partide: vós o afustais de vós , no sentido
de “deixá-lo partir ”, “afastar-se”.
nom
xe vos obride: não
vos esqueçais dele.
* Escreva (1) para
cantiga de amor
e (2) para cantiga
de amigo :
( ) eu-lírico masculino
( ) amor
platônico
( ) mulher
socialmente superior
( ) eu-lírico feminino
( ) temática
variada
( ) linguagem
mais simples
( ) busca
de musicalidade
( ) cantigas
de maestria , sem
refrão
( ) cantigas
com paralelismo
( ) cantigas
de refrão
( ) mulher
casada
( ) composições
com diálogos
( ) vassalagem amorosa
( ) relação
amorosa verdadeira
* Leia:
“Ai, flores ,
ai flores do verde
ramo
se sabedes[1] novas do meu
amado?
Ai,
Deus , e u[2] é?
# Os versos
acima pertencem a uma cantiga de _______________, característica
do Trovadorismo Português , estética
literária dos séculos
XII, XIIIe XIV.
* Amor ,
desamor e ciúme ;
freqüente inspiração
na vida popular ,
bem como a exploração do eu feminino
indicam cantigas de:
(
) amigo
( ) amor
e amigo
(
) amor
(
) escárnio
(
) maldizer
* Leia os textos a seguir :
Vi eu , mia madr’, andar
asbarcas eno mar :
e moiro-me d’amor .
as
e moiro-me d’
Fui
eu , madre ,
veer
asbarcas eno ler
(1):
e moiro-me d’amor .
as
e moiro-me d’
As barcas eno mar
a foi-lasaguardar :
e moiro-me d’amor
a foi-las
e moiro-me d’
As barcas eno ler
E foi-lasatender (2)
e moiro-me d’amor
E foi-las
e moiro-me d’
E
foi-las aguardar
e non o pud’achar :
e moiro-me d’amor .
e non o pud’
e moiro-me d’
(Nuno Fernandes Torneol)
1. praia ;
2. esperar .
Ai,
dona fea, foste-vos queixar
porque vos
nunca louv’-en meu
trobar
mais ora
quero fazer un cantar
enque vos
loarei toda via
(1),
e vedescomo vos
quero loar
dona fea, velha
e sandia (2).
en
e vedes
Ai dona fea! se Deus
me perdon!
epois havedes tan gran coraçon
que vos
eu loe en esta razon (3),
vos quero já
loar toda
via ,
e vedesqual será a loaçon:
dona fea, velha
e sandia!
e
e vedes
en
en
e direi-vos
(João Garcia de Guilhade)
1. para
sempre ;
2. louca ,
demente ;
3. que
eu a louve por
este motivo ;
4.porém , todavia .
4.
Ai,
dona feia ,
foste-vos queixar
e vede como quero vos
louvar
de que eu
vos louve, por
este motivo
quero vos louvar
já de qualquer
modo ;
e vede qual será a louvação :
e vos direi como
vos louvarei:
* Classifique
as duas cantigas acima ;
II. Leia a cantiga a seguir
“Rui
Queimado morreu con amor
enseus cantares ,
por Sancta Maria
por ua dona
que gran ben queria,
e,por se meter
por mais
trovador ,
porque lh’ela
non quis [o] ben fazer (1),
fez - s’el enseus cantares morrer ,
mas ressurgiu depois
ao tercer dia !
en
e,
fez - s’el en
enos
de
E
non há já de sa morte
pavor ,
senon samorte mais
la temeria,
mas sabede ben, per
sa sabedoria ,
que viverá, des quando
morto for
e faz - (s’) enseu cantar
morte prender ,
desiar viver :
vede que poder
que lhi Deus
deu, mas que
non cuidaria.
senon sa
e faz - (s’) en
desi
E, si mi Deus a mim
desse poder ,
qual oi ’el
há, pois morrer , de viver ,
jamais morte nunca temeria.
1. porque ela não lhe quis atender as súplicas ;
2.porque ele
imagina que tem talento ;
3. agosto , satisfeito ;
4. deaí morrer
e, mais tarde ,
reviver .
2.
3. a
4. de
1)
A cantiga anterior
é de autoria de Pedro Maria Burgalês. Por
suas características
e conteúdo , ela
é uma cantiga :
a)
de amigo ;
b) deescárnio ;
c) deamor ;
d) demaldizer ;
e) n.d.a.
b) de
c) de
d) de
e) n.d.a.
2)
Fazem parte da prosa
trovadoresca em
Portugal:
a) as
b) os
c) as
d) os cronicões e as
e) os
3)
Assinale a alternativa incorreta :
a) Na
b) Na
c) Na
d) Na
e) Na
4) Classifique as cantigas abaixo :
se vistes meu amigo ?
E ai Deus , se verra cedo !
se vistes meu amado ?
E ai Deus , se verra cedo !
Se vistes meu amigo ,
o por que
eu sospiro?
E ai Deus , se verra cedo !
Se vistes meu amado ,
E ai Deus , se verra cedo !
Queira Deus que
ele venha cedo !
Queira Deus que
ele venha cedo !
Queira Deus que
ele venha cedo !
Queira Deus que
ele venha cedo !
*********************************
Ai flores ,
ai flores do verde
pino ,
se sabedes novass do meu amigo !
Ai Deus ,
e u é?
Ai flores ,
ai flores do verde
ramo ,
se sabedes novas do meu amado !
Ai Deus ,
e u é?
Se sabedes novas do meu amigo ,
aquel que
lmentiu do que pôs comigo !
Ai Deus ,
e u é?
Se sabedes novas do meu amado ,
aquel que
mentiu do que mi
á jurado !
Ai Deus ,
e u é?
- Vós
me preguntades polo voss ’amado ,
e eu
bem vos digo que é san’e vivo .
Ai Deus ,
e u é?
e eu
bem vos digo que é viv’e sano.
Ai Deus ,
e u é?
E eu
bem vos digo que é san’e vivo
e seera vosc’ant’o prazo saído .
Ai Deus ,
e u é?
E eu
bem vos digo que é viv’e sano
e seera vosc’ant’o prazo passado .
Ai Deus ,
e u é?
e u é?: e onde ele está?
do que
pôs comigo : sobre
aquilo que
combinou comigo (isto
é, o encontro sob
os pinheiros )
preguntades: perguntais
polo: pelo
e seera vosc’ant’o prazo saído (passado ): e
estará convosco antes
de terminar o prazo
combinado
e querrei muit’i loar lmia senhor
a que prez nem
fremosura nom fal,
Ca mia senhor quizo Deus
fazer tal ,
e todo bem e
de mui gram valor ,
e com tod’est[o] é mui
comunal
e desi nom lhi fez pouco de bem
foss’igual
Ca mia senhor nunca
Deus pôs mal ,
e falar mui
bem , e riir melhor
muit’, e por esto
nom sei oj’eu quem
possa compridamente no seu bem
Quero à moda provençal
e quererei muito aí
louvar minha senhora
a quem honra
nem formosura
não faltam
e todo bem e
de muito grande
valor ,
e além de tudo
isto é muito
sociável
e desde então
lhe fez pouco
bem
impedindo que nenhuma outra fosse igual
a ela
e capacidade de falar
bem , e de rir melhor
e por isto
não sei hoje
quem
possa cabalmente falar
no seu próprio
bem
********************************************
De vós , senhor , quer ’eu dizer verdade
e nom ja sobr’[o] amor que vos ei :
de quantas outras eno mundo sei;
assi de fea come de maldade
nom vos vence oje senom filha dum rei
[Eu ] nom vos
amo nem
me perderei,
u vos nom vir ,
por vós
de soidade[...]
e não já
sobre o amor
ue tenho por vós :
do que a de quantas outras conheço no mundo
de saudade por
vós , quando
não vos
vir .
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