Boa tarde queridos!
Eis alguns exercícios sobre Figuras de Linguagem.
Responda-os no caderno, justificando as respostas corretas.
Abraços!
Texto 1
O Adeus
Rubem Braga
No oitavo dia sentimos que tudo conspirava contra nós. Que importa a uma grande cidade que haja um apartamento fechado em alguns de seus milhares de edifícios; que importa que lá dentro não haja ninguém, ou que um homem e uma mulher ali estejam, pálidos, se movendo na penumbra como dentro de um sonho?
Entretanto a cidade, que durante uns dois ou três dias parecia nos haver esquecido, voltava subitamente a atacar. O telefone tocava, batia dez, quinze vezes, calava-se alguns minutos, voltava a chamar; e assim três, quatro vezes sucessivas.
Alguém vinha e apertava a campainha; esperava; apertava outra vez; experimentava a maçaneta da porta; batia com os nós dos dedos, cada vez mais forte, como se tivesse certeza de que havia alguém lá dentro. Ficávamos quietos, abraçados, até que o desconhecido se afastasse, voltasse para a rua, para a sua vida, nos deixasse em nossa felicidade que fluía num encantamento constante. (...)
Texto extraído do livro "Figuras do Brasil – 80 autores em 80 anos de Folha", Publifolha – São Paulo, 2001, pág. 132.
01 - Figuras de linguagem – por meio dos mais diferentes mecanismos – ampliam o significado de palavras e expressões, conferindo novos sentidos ao texto em que são usadas. A alternativa que apresenta uma figura de linguagem construída a partir da equivalência entre um todo e uma de suas partes é:
(A) “que um homem e uma mulher ali estejam, pálidos, se movendo na penumbra como dentro de um sonho?”
(B) “Entretanto a cidade, que durante uns dois ou três dias parecia nos haver esquecido, voltava subitamente a atacar.”
(C) “batia com os nós dos dedos, cada vez mais forte, como se tivesse certeza de que havia alguém lá dentro.”
(D) “Mas naquela manhã ela se sentiu tonta, e senti também minha fraqueza;”
Texto 2
A invasão dos blablablás
O planeta é dividido entre as pessoas que falam no cinema − e as que não falam. É uma divisão recente. Por décadas, os falantes foram minoria. E uma minoria reprimida. Quando alguém abria a boca na sala escura, recebia logo um shhhhhhhhhhhhh. E voltava ao estado silencioso de onde nunca deveria ter saído. Todo pai ou mãe que honrava seu lugar de educador ensinava a seus filhos que o cinema era um lugar de reverência. Sentados na poltrona, as luzes se apagavam, uma música solene saía das caixas de som, as cortinas se abriam e um novo mundo começava. Sem sair do lugar, vivíamos outras vidas, viajávamos por lugares desconhecidos, chorávamos, ríamos, nos apaixonávamos. Sentados ao lado de desconhecidos, passávamos por todos os estados de alma de uma vida inteira sem trocar uma palavra. Comungávamos em silêncio do mesmo encantamento. (...)
Percebi na sexta-feira que não ia ao cinema havia três meses. Não por falta de tempo, porque trabalhar muito não é uma novidade para mim. Mas porque fui expulsa do cinema. Devagar, aos poucos, mas expulsa. Pertenço, desde sempre, às fileiras dos silenciosos. Anos atrás, nem imaginava que pudesse haver outro comportamento além do silêncio absoluto no cinema. Assim como não imagino alguém cochichando em qualquer lugar onde entramos com o compromisso de escutar.
Não é uma questão de estilo, de gosto. Pertence ao campo do respeito, da ética. Cinema é a experiência da escuta de uma vida outra, que fala à nossa, mas nós não falamos uns com os outros. No cinema, só quem fala são os atores do filme. Nós calamos para que eles possam falar. Nossa vida cala para que outra fale.
Isso era cinema. Agora mudou. É estarrecedor, mas os blablablás venceram. Tomaram conta das salas de cinema. E, sem nenhuma repressão, vão expulsando a todos que entram no cinema para assistir ao filme sem importunar ninguém. (...)
Eliane Brum - revistaepoca.globo.com, 10/08/2009
02 - No cinema, só quem fala são os atores do filme. Nós calamos para que eles possam falar. Nossa vida cala para que outra fale. (l. 19-20)
O trecho acima usa uma figura de linguagem chamada de:
(A) metáfora
(B) hipérbole
(C) eufemismo
(D) metonímia
03 - Assinale a frase que contém uma metáfora:
a) Nas pedras do cais, via os sinais das amarras das velhas embarcações. b) Era com saudade que o velho pescador olhava as pedras do cais.
c) Do cais da minha aldeia partiram as inesquecíveis caravelas.
d) As pedras do cais têm o limbo das águas do mar.
e) Todo cais é uma saudade de pedra.
04 - Aponte uma alternativa em que não haja uma comparação:
a) “Rio como um regato que soa fresco numa rocha.”
b) “É mais estranho do que todas as estranhezas que as coisas sejam realmente o
que parecem ser."
c) “Qual um filósofo, o poeta vive a procurar o mistério oculto das coisas.'”
d) “Os pensamentos das árvores a respeito do mistério das coisas são tão estranhos
quantos os dois rios.”
e) “Os meus sentidos estavam tão engraçados, que aprenderam sozinhos o mistério
das coisas.'”
QUAL A RESPOSTA DA ÚLTIMA?
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