Por que será que a reconstrução de uma igreja europeia gerou mais solidariedade do que milhares de vidas africanas? O que justifica a “solidariedade seletiva”? Reflita a respeito, leia os textos de apoio abaixo, busque outros se julgar necessário. Feito isso, escreva uma dissertação na qual você argumente sobre o tema: Solidariedade seletiva: por que uns valem mais que outros? Caso queira, você pode utilizar outros exemplos além dos que constam nos textos de apoio.
TEXTOS DE APOIO
Texto 1
Poucas horas após o lamentável incêndio que atingiu a Catedral de Notre-Dame, em Paris, França (tida como berço do espiritismo, pois lá nasceu Allan Kardec, principal expoente da doutrina espírita), empresas, milionários franceses (e até uma brasileira), além de cidades europeias, se mobilizaram para contribuir com a reconstrução do monumento histórico.
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Diante da comoção, brasileiros/as foram às redes sociais para comparar a “generosidade” dos milionários europeus com a da elite do Brasil quando o Museu Nacional, o mais antigo do país, pegou fogo em setembro do ano passado no Rio de Janeiro, somando pouco mais de 960 mil reais em doações até agora.
“Milhões para a Notre-Dame, mas e os pobres?” Essa solidariedade seletiva também incomodou os próprios franceses que foram às ruas na 23ª manifestação consecutiva do movimento gilets jaunes (coletes amarelos), que desde o fim de 2018 tem sido um dos principais obstáculos para o governo de Emmanuel Macron.
Teve também os que lembrassem que, mês passado, Moçambique, Zimbábue e Malaui, três países africanos, foram os mais afetados pela passagem do ciclone Idai e não conseguiram, até hoje, um terço das doações ofertadas para a reconstrução da igreja francesa.
São mais de 1.000 mortos e mais de 1,5 milhão de pessoas afetadas. Em menos de 1 semana as doações para a catedral de Paris já eram 16 vezes maiores do que para as vítimas africanas.
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Por que será que a reconstrução de uma igreja europeia gerou mais solidariedade do que milhares de vidas africanas?
Por causa do racismo estrutural, um conjunto de práticas, hábitos, situações e falas embutidos em costumes e que promove, direta ou indiretamente, a segregação ou o preconceito racial e se manifesta de maneira ainda mais branda e quase imperceptível, e para mim, ainda mais perigoso, por ser camuflado e de difícil percepção. Infelizmente, para certa parcela da população (branca), há vidas tidas como matáveis.
Silvio Luiz de Almeida, diretor-presidente do Instituto Luiz Gama, presidente do IBCCRIM e professor de importantes universidades brasileiras, em seu livro “O que é racismo estrutural?” provoca a reflexão sobre os conceitos de racismo como fundamento estruturador das relações sociais, com base em autores reconhecidos pelos estudos de teoria crítica racial, colonialismo, imperialismo e capitalismo, motivo pelo qual o livro evidencia a importância de compreensão dos fatos históricos, sociais, políticos, jurídicos e econômicos para se entender a existência do racismo. [Leia o texto completo]
Fonte: Notre-Dame, Moçambique e a solidariedade seletiva dos religiosos / Carta Capital
Texto 2
As diferenças não se ficam só pelos valores angariados para ultrapassar cada uma das tragédias. Se no caso de Moçambique só ao quarto dia o mundo começou a perceber a tragédia humana e material provocada pelo “maior desastre ambiental do hemisfério sul”, segundo a ONU, no caso da Catedral francesa, meia-hora depois de o fogo ter começado, o incêndio passava já em direto nas televisões de todo o mundo. [Leia o texto completo]
Fonte: Notre-Dame já mobiliza 16 vezes mais doações do que ajuda inicial a Moçambique / Plataforma Media
Texto 3
Sem dúvida a “NotreDame” representa uma bela peça arquitetônica, um exemplo da opulência francesa e um atrativo turístico. Mas, sem comparação com a fome e a miséria na esquecida Moçambique. Mais lamentável que os dois fatos é a constatação da mesquinhez humana. Aqueles povos europeus que tanto exploraram a África e tantos que “choram” pelas pedras, cal e madeira da bela Notre Dame, não lembraram dos pobres e desvalidos abaixo da linha do Equador. A comparação faz lembrar o simbolismo do nascimento de Cristo em uma simples manjedoura. [Leia o texto completo]
Fonte: “Solidariedade seletiva” – Notre-Dame, Moçambique / Diário de Pernambuco
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