CJMJ - Exercícios de revisão: Classicismo e Quinhentismo (3º ano A)

Boa noite queridos!!!
Revisão básica sobre o Trovadorismo, Barroco, Arcadismo e Romantismo.
Por favor façam esta lista com atenção e levem as dúvidas na aula de segunda-feira para que possamos sanar tudo o que não estiver claro.
Qualquer dúvida me avisem!
Bjão!!!

PS: OS EXERCÍCIOS PODEM SER IMPRESSOS!

TROVADORISMO

1.(UNIFESP) TEXTO PARA A QUESTÃO:
TEXTO I
Ao longo do sereno
Tejo, suave e brando,
Num vale de altas árvores sombrio,
Estava o triste Almeno
Suspiros espalhando
Ao vento, e doces lágrimas ao rio.
(Luís de Camões, Ao longo do sereno.)


TEXTO II
Bailemos nós ia todas tres, ay irmanas,
so aqueste ramo destas auelanas
e quen for louçana, como nós, louçanas,
se amigo amar,
so aqueste ramo destas auelanas
uerrá baylar.
(Aires Nunes. In Nunes, J. J., Crestomatia arcaica.)


TEXTO III
Tão cedo passa tudo quanto passa!
morre tão jovem ante os deuses quanto
Morre! Tudo é tão pouco!
Nada se sabe, tudo se imagina.
Circunda-te de rosas, ama, bebe
E cala. O mais é nada.
(Fernando Pessoa, Obra poética.)


TEXTO IV
Os privilégios que os Reis
Não podem dar, pode Amor,
Que faz qualquer amador
Livre das humanas leis.
mortes e guerras cruéis,
Ferro, frio, fogo e neve,
Tudo sofre quem o serve.
(Luís de Camões, Obra completa.)


TEXTO V
As minhas grandes saudades
São do que nunca enlacei.
Ai, como eu tenho saudades
Dos sonhos que não sonhei!...)
(Mário de Sá Carneiro, Poesias.)  


 A alternativa que indica texto que faz parte da poesia medieval da fase trovadoresca é 
a) I.   
b) II. 
c) III.   
d) IV.   
e) V.   

2. (FUVEST) Interpretando historicamente a relação de vassalagem entre homem amante/mulher amada, ou mulher amante/homem amado, pode-se afirmar que:

a) o Trovadorismo corresponde ao Renascimento.Pandora Vestibulares, com você em todas as fases.
b) o Trovadorismo corresponde ao movimento humanista.
c) o Trovadorismo corresponde ao Feudalismo. 
d) o Trovadorismo e o Medievalismo só poderiam ser provençais. 
e) tanto o Trovadorismo como o Humanismo são expressões da decadência medieval.

3. (FUVEST) O Trovadorismo, quanto ao tempo em que se instala:
a)  tem concepções clássicas do fazer poético.
b)      é rígido quanto ao uso da linguagem que, geralmente, é erudita.
c)       estabeleceu-se num longo período que dura 10 séculos.
d)      tinha como concepção poética a epopeia, a louvação dos heróis.
e)      reflete as relações de vassalagem nas cantigas de amor. 

4.(UNESP) Leia e observe com atenção a composição seguinte:

"Ay flores, ay flores do verde pinho,
se sabedes novas do meu amigo!
          ay Deus, e hu é1?                         1 E hu é: onde está
Ay flores, ay flores do verde ramo,
se sabedes novas do meu amado!
          ay Deus, e hu é?
Se sabedes novas do meu amigo,
aquel que mentiu no que pôs comigo!
          ay Deus, e hu é?
Se sabedes novas do meu amado,
aquel que mentiu no que me há jurado!
          ay Deus, e hu é?”

A composição anterior, parcialmente transcrita, pertence à lírica medieval da Península Ibérica. Ela tem autor desconhecido, arte poética própria e características definidas do lirismo trovadoresco, podendo-se ainda descobrir o nome pelo qual composições idênticas são conhecidas.
Em uma das alternativas indicadas acham-se todos os elementos que correspondem a essas afirmações.
a) O autor é Paio Soares de Taveirós. Destacam-se o paralelismo das estrofes, a alternância vocálica e o refrão. O poeta pergunta pelo seu amigo.
b) O autor é Nuno Fernandes Torneol. Destaca-se o refrão como interpelação à natureza. Trata-se de uma cantiga de amigo.
c) O autor é el-rei D.Dinis. Destacam-se o paralelismo das estrofes, a alternância vocálica e o refrão. O poeta canta na voz de uma mulher e pergunta pelo amado, porque é uma cantiga de amigo.
d) O autor é Fernando Pessoa. Destaca-se a alternância vocálica. Trata-se da teoria do fingimento, que já existia no lirismo medieval.
e) O autor é Martim Codax. Destaca-se o ambiente campestre. O poeta espera que os pinheiros respondam à sua pergunta.

5. (UNIFESP)
Senhor feudal
Se Pedro Segundo
Vier aqui
Com história
Eu boto ele na cadeia.
Oswald de Andrade
O título do poema de Oswald remete o leitor à Idade Média. Nele, assim como nas cantigas de amor, a idéia de poder retoma o conceito de
a) fé religiosa.
b) relação de vassalagem. 
c) idealização do amor.
d) saudade de um ente distante.
e) igualdade entre as pessoas.

6. (UNIFESP) Leia a cantiga seguinte, de Joan Garcia de Guilhade.

Un cavalo non comeu
á seis meses nen s’ergueu
mais prougu’a Deus que choveu,
creceu a erva,
e per cabo si paceu,
e já se leva!
Seu dono non lhi buscou
cevada neno ferrou:
mai-lo bon tempo tornou,
creceu a erva,
e paceu, e arriçou,
e já se leva!
Seu dono non lhi quis dar
cevada, neno ferrar;
mais, cabo dum lamaçal
creceu a erva,
e paceu, e arriç’ar,
e já se leva!
(CD Cantigas from the Court of Dom Dinis. harmonia mundi 
usa, 1995.)
A leitura permite afirmar que se trata de uma cantiga de
a) escárnio, em que se critica a atitude do dono do cavalo, que dele não cuidara, mas graças ao bom tempo e à chuva, o mato cresceu e o animal pôde recuperar-se sozinho. 
b) amor, em que se mostra o amor de Deus com o cavalo que, abandonado pelo dono, comeu a erva que cresceu graças à chuva e ao bom tempo.
c) escárnio, na qual se conta a divertida história do cavalo que, graças ao bom tempo e à chuva, alimentou-se, recuperou-se e pôde, então, fugir do dono que o maltratava.
d) amigo, em que se mostra que o dono do cavalo não lhe buscou cevada nem o ferrou por causa do mau tempo e da chuva que Deus mandou, mas mesmo assim o cavalo pôde recuperar-se.
e) mal-dizer, satirizando a atitude do dono que ferrou o cavalo, mas esqueceu-se de alimentá-lo, deixando-o entregue à própria sorte para obter alimento.

7. (FUVEST) Sobre o Trovadorismo em Portugal, é correto afirmar que:
a)      sua produção literária está escrita em galego ou galaico-português e divide-se em: poesia(cantigas) e prosa (novelas de cavalaria). 
b)     utilizou largamente o verso decassílabo porque sua influência é clássica.
c)    a produção poética daquela época pode ser dividida em lírico-amorosa e prosa doutrinária. 
d)     as cantigas de amigo têm influência provençal. 
e)     a prosa trovadoresca tinha claro objetivo de divertir a nobreza, por isso têm cunho satírico. 

8. (MACKENZIE)
Sobre a poesia trovadoresca em Portugal, é INCORRETO afirmar que:  
a) refletiu o pensamento da época, marcada pelo teocentrismo, o feudalismo e valores altamente moralistas.   
b) representou um claro apelo popular à arte, que passou a ser representada por setores mais baixos da sociedade. 
c) pode ser dividida em lírica e satírica.   
d) em boa parte de sua realização, teve influência provençal.   
e) as cantigas de amigo, apesar de escritas por trovadores, expressam o eu-lírico feminino.   

9. (MACKENZIE)
Assinale a alternativa INCORRETA a respeito das cantigas de amor.  
a) O ambiente é rural ou familiar. 
b) O trovador assume o eu-lírico masculino: é o homem quem fala.   
c) Têm origem provençal.   
d) Expressam a "coita" amorosa do trovador, por amar uma dama inacessível.   
e) A mulher é um ser superior, normalmente pertencente a uma categoria social mais elevada que a do trovador.   

 10. (MACKENZIE)
Em meados do século XIV, a poesia trovadoresca entra em decadência, surgindo, em seu lugar, uma nova forma de poesia, totalmente distanciada da música, apresentando amadurecimento técnico, com novos recursos estilísticos e novas formas poemáticas, como a trova, a esparsa e o vilancete.

Assinale a alternativa em que há um trecho representativo de tal tendência.

a) Non chegou, madre, o meu amigo,
e oje est o prazo saido!
Ai, madre, moiro d'amor!

b) Êstes olhos nunca perderán,
senhor, gran coita, mentr'eu vivo fôr;
e direi-vos fremosa, mia senhor,
dêstes meus olhos a coita que han:
choran e cegan, quand'alguém non veen,
e ora cegan por alguen que veen.

c) Meu amor, tanto vos amo,
que meu desejo não ousa
desejar nehua cousa.

Porque, se a desejasse,
logo a esperaria,e se eu a esperasse,
sei que vós anojaria:
mil vezes a morte chamo
e meu desejo não ousa
desejar-me outra cousa. 

d) Amigos, non poss'eu negar
a gran coita que d'amor hei,
ca me vejo sandeu andar,
e con sandece o direi:
os olhos verdes que eu vi
me fazen ora andar assi.

e) Ai! dona fea, foste-vos queixar
por (que) vos nunca louv'em meu cantar;
mais ora quero fazer um cantar,
em que vos loarei toda via;
e vedes como vos quero loar.
dona fea, velha e sandia!


11. (MACKENZIE)
“Ai dona fea! foste-vos queixar 
porque vos nunca louv’em meu trobar 
mais ora quero fazer um cantar 
em que vos loarei toda via 
e vedes como vos quero loar: 
dona fea, velha e sandia!” 

Assinale a informação correta a respeito do trecho de João Garcia de Guilhade: 
a) é cantiga satírica 
b) foi o primeiro documento escrito em língua portuguesa (1189) 
c) trata-se de cantiga de amigo 
d) foi escrita durante o Humanismo (1418-1527) 
e) faz parte do Auto da Feira

12. (MACKENZIE)
As narrativas que envolvem as lutas dos cruzados envolvem sempre um herói muito engajado na luta pela cristandade, podendo ser a um só tempo frágil e forte, decidido e terno, furioso e cortes. No entanto, com relação a mulher amada, esse herói é sempre:
a) pouco dedicado
b) infiel
c) devotado 
d) indelicado
e) ausente e belicoso

13. (MACKENZIE/ADAPTADA)

Ondas do mar de Vigo,
se vistes meu amigo!
E ai Deus, se verrá cedo!
Ondas do mar levado,
se vistes meu amado!
E ai Deus, se verrá cedo!

Martim Codax
Obs.: verrá = virá
levado = agitado

Assinale a afirmativa correta sobre o texto.
a) Nessa cantiga de amigo, o eu lírico masculino manifesta a Deus seu sofrimento amoroso.
b) Nessa cantiga de amor, o eu lírico feminino dirige-se a Deus para lamentar a morte do ser amado.
c) Nessa cantiga de amigo, o eu lírico masculino manifesta às ondas do mar sua angústia pela perda do amigo em trágico naufrágio.
d) Nessa cantiga de amor, o eu lírico masculino dirige-se às ondas do mar para expressar sua solidão.
e) Nessa cantiga de amigo, o eu lírico feminino dirige-se às ondas do mar para expressar sua ansiedade com relação à volta do amado. 


14. (MACKENZIE)
Assinale a afirmativa correta com relação ao Trovadorismo.
a) Um dos temas mais explorados por esse estilo de época é a exaltação do amor sensual entre nobres e mulheres camponesas.
b) Desenvolveu-se especialmente no século XV e refletiu a transição da cultura teocêntrica para a cultura antropocêntrica.
c) Devido ao grande prestígio que teve durante toda a Idade Média, foi recuperado pelos poetas da Renascença, época em que alcançou níveis estéticos insuperáveis.
d) Valorizou recursos formais que tiveram não apenas a função de produzir efeito musical, como também a função de facilitar a memorização, já que as composições eram transmitidas oralmente. 
e) Tanto no plano temático como no plano expressivo, esse estilo de época absorveu a influência dos padrões estéticos greco-romanos.

15. (MACKENZIE/ADAPTADA)
Utilizando como base o texto a seguir, responda à questão.

1. Me sinto com a cara no chão, mas a verdade precisa
2 ser dita ao menos uma vez: aos 52 anos eu ignorava
3. a admirável forma lírica da canção paralelística
4. (…).
5. O “Cantar de amor” foi fruto de meses de leitura
6. dos cancioneiros. Li tanto e tão seguidamente aquelas
7. deliciosas cantigas, que fiquei com a cabeça
8. cheia de “velidas” e “mha senhor” e “nula ren”;
9. sonhava com as ondas do mar de Vigo e com romarias
10. a San Servando. O único jeito de me livrar da
11. obsessão era fazer uma cantiga.

Manuel Bandeira

No texto, o autor.
a) manifesta sua resistência à obrigatoriedade de ler textos medievais durante o período de formação acadêmica.
b) utiliza a expressão cabeça cheia (linha 08) para depreciar as formas linguísticas do galaico-português, como “mha senhor” e “nula ren” (linhas 08 e 09).
c) relata circunstâncias que o levaram a compor um poema que recupera a tradição medieval.
d) emprega a palavra cancioneiros (linha 06) em substituição a “poetas”, uma vez que os textos medievais eram cantados.

e) usa a expressão deliciosas cantigas (linha 07) em sentido irônico, já que os modernistas consideraram medíocres os estilos do passado.


BARROCO E ARCADISMO

1. (UFV/99) Leia o soneto a seguir, de autoria de Gregório de Mattos:
Pequei, Senhor, mas não porque hei pecado,
Da vossa piedade me despido,
Porque quanto mais tenho delinquido,
Vos tenho a perdoar mais empenhado.
Se basta a vos irar tanto pecado,
A abrandar-vos sobeja um só gemido,
Que a mesma culpa, que vos há ofendido,
Vos tem para o perdão lisonjeado.
Se uma ovelha perdida, e já cobrada
Glória tal e prazer tão repentino
vos deu, como afirmais na Sacra História:
Eu sou, Senhor, a ovelha desgarrada,
Cobrai-a, e não queiras, Pastor divino,
Perder na vossa ovelha a vossa glória.
(Cf. DIMAS, Antônio. “Seleção de textos, notas, estudos biográficos, histórico e crítico.” 2. ed. São Paulo: Nova Cultural, 1988. p.141s)
Assinale a alternativa INCORRETA:
a) No jogo de antíteses, o poeta vê-se como culpado, mas também ovelha indispensável ao Pastor Divino.
b) O argumento do poeta, arrependido, constrói-se pelo jogo de ideias, ou seja, o cultismo.
c) O poeta recorre ao texto bíblico para justificar, perante Deus, a necessidade de ser perdoado.
d) Segundo o poeta, o perdão de sua culpa favorecia a ambos: tanto ao culpado, quanto ao Pastor Divino.
e) O poeta busca, em sua linguagem dualista, conciliar, poeticamente, fé e razão.
2. (UEL/99) Ao lado dos versos críticos e contundentes, em geral dirigidos contra os poderosos e os oportunistas, há os versos líricos, tocados pelo sentimento amoroso ou pela devoção cristã. Num e noutro casos, apuravam-se o engenho verbal, as construções paralelísticas, o emprego de antíteses e hipérboles, por vezes inspirando-se diretamente em versos ou fórmulas dos espanhóis Gôngora e Quevedo – mestres desse estilo.
O trecho anterior está-se referindo à obra poética de:
a) Cláudio Manuel da Costa.
b) Gregório de Matos.
c) Tomás Antônio Gonzaga.
d) José de Anchieta.
e) Bernardo Guimarães.
3. (UFV/99) Considere as afirmações que se seguem. Todas elas vinculam a poesia de Gregório de Matos aos princípios estéticos e ideológicos do Barroco brasileiro, EXCETO:
a) A vertente lírica da poética de Gregório de Matos cultuou o amor feito de pequenos afetos, da meiga ternura e dos torneios gentis, tendo como cenário o ambiente campestre e pastoril.
b) O “Boca do Inferno” insurgiu-se não só contra os desmandos administrativos e políticos da Bahia do século XVII, mas contra o próprio ser humano, que, na concepção do poeta, é por natureza corrupto e mau.
c) Os poemas religiosos de Gregório de Matos fundiram a contemplação da divindade, o complexo de culpa, o desejo de arrependimento e o horror de ser pó, sensações, enfim, frequentes no atormentado espírito barroco.
d) O significado social do Barroco brasileiro foi marcante, uma vez que a poesia de Gregório de Matos revestiu-se de alto sentido crítico aos vícios e violências da sociedade colonial.
e) A produção literária de Gregório de Matos dividiu-se entre a temática lírico-religiosa e uma visão crítica das mazelas sociais oriundas do processo de colonização no Brasil.
4. (FATEC/99)
“Nasce o Sol, e não dura mais que um dia,
Depois da Lua se segue a noite escura,
Em tristes sombras morre a formosura,
Em contínuas tristezas a alegria.
Porém, se acaba o Sol, por que nascia?
Se é tão formosa a Luz, por que não dura?
Como a beleza assim se transfigura?
Como o gosto da pena assim se fia?
Mas no Sol, e na Luz falte a firmeza,
Na formosura não se dê constância,
E na alegria sinta-se tristeza.
Começa o mundo enfim pela ignorância,
E tem qualquer dos bens por natureza
A firmeza somente na inconstância.”
(Gregório de Matos)
5. (UFRS/96) Sobre a obra de Gregório de Matos é correto afirmar que:
a) Os vícios da colônia são criticados e as autoridades públicas são ridicularizadas.
b) Sua infância e sua família são temas recorrentes em seus poemas.
c) A escravidão é denunciada como instituição perversa e desnecessária.
d) O elogio da mulher amada está inserido em um quadro bucólico e pastoril.
e) O ideal de racionalidade resulta na sintaxe simples e na ordem direta das frases.
6. (PUC-MG/97) Relacione este trecho ao seu respectivo estilo, de acordo com as informações contidas nas alternativas a seguir:
“Que és terra, homem, e em terra hás de tornar-te,
Te lembra hoje Deus por sua igreja;
De pó te fez espelho, em que se veja
A vil matéria, de que quis formar-te.”
a) BARROCO:
O homem barroco é angustiado, vive entre religiosidade e paganismo, espírito e matéria, perdão e pecado. As obras refletem tal dualismo, permeado pela instabilidade das coisas.
b) ARCADISMO:
Em oposição ao Barroco, esse estilo procura atingir o ideal de simplicidade. Os árcades buscam na natureza o ideal de uma vida simples, bucólica, pastoril.
c) ROMANTISMO:
A arte romântica valoriza o folclórico, o nacional, que se manifesta pela exaltação da natureza pátria, pelo retorno ao passado histórico e pela criação do herói nacional.
d) PARNASIANISMO:
A poesia é descritiva, com exatidão e economia de imagens e metáforas.
e) MODERNISMO:
Original e polêmico, o nacionalismo nele se manifesta pela busca de uma língua brasileira e informal, pelas paródias e pela valorização do índio verdadeiramente brasileiro.
7. (UEL/99)
Sou pastor; não te nego; os meus montados
São esses, que aí vês; vivo contente
Ao trazer entre a relva florescente
A doce companhia do meu gado.
Nos versos anteriores, de Cláudio Manuel da Costa, exemplifica-se o seguinte traço da lírica arcádica:
a) Valorização das circunstâncias biográficas do poeta.
b) Imaginação delirante de paisagens exóticas.
c) Valorização das classes humildes, opostas às aristocráticas.
d) Representação da natureza amena e do sentimento bucólico.
e) Representação da natureza como espelho das fortes paixões.
8. (UFV/99) Considere as afirmações a respeito do Arcadismo brasileiro. Todas as alternativas estão corretas, EXCETO:
a) Foi o movimento literário que se desenvolveu no século XVIII, quando o “saber” assumiu uma importância fundamental.
b) Confirmou um dos princípios ideológicos do Iluminismo, por uma forte preocupação com a ciência e com o raciocínio.
c) Sob o ponto de vista literário reagiu contra o Barroco, retomando a simplicidade e o bucolismo dos clássicos.
d) Empreendeu uma minuciosa análise do personagem, revelando-nos claramente os traços de seu corpo e de sua alma.
e) Vivenciou uma expressiva transformação social, sendo fortemente marcado pelos ideais político-filosóficos do enciclopedismo francês.
9. (PUC-MG/97) Relacione este trecho ao seu respectivo estilo, de acordo com as informações contidas nas alternativas a seguir:
“Sou pastor, não te nego; os meus montados
São esses, que aí vês; vivo contente
Ao trazer entre a relva florescente
A doce companhia dos meus gados.”
a) BARROCO:
O homem barroco é angustiado, vive entre religiosidade e paganismo, espírito e matéria, perdão e pecado. As obras refletem tal dualismo, permeado pela instabilidade das coisas.
b) ARCADISMO:
Em oposição ao Barroco, esse estilo procura atingir o ideal de simplicidade. Os árcades buscam na natureza o ideal de uma vida simples, bucólica, pastoril.
c) ROMANTISMO:
A arte romântica valoriza o folclórico, o nacional, que se manifesta pela exaltação da natureza pátria, pelo retorno ao passado histórico e pela criação do herói nacional.
d) PARNASIANISMO:
A poesia é descritiva, com exatidão e economia de imagens e metáforas.
e) MODERNISMO:
Original e polêmico, o nacionalismo nele se manifesta pela busca de uma língua brasileira e informal, pelas paródias e pela valorização do índio verdadeiramente brasileiro.
Texto I
“Discreta e formosíssima Maria,
Enquanto estamos vendo claramente
Na vossa ardente vista o sol ardente,
e na rosada face a aurora fria;
Enquanto pois produz, enquanto cria
Essa esfera gentil, mina excelente
No cabelo o metal mais reluzente,
E na boca a mais fina pedraria.
Gozai, gozai da flor da formosura,
Antes que o frio da madura idade
Tronco deixe despido o que é verdura.
Que passado o zenith da mocidade,
Sem a noite encontrar da sepultura,
É cada dia ocaso da beldade.”
(Gregório de Matos)
Texto II
“Minha bela Marilia, tudo passa;
A sorte deste mundo é mal segura;
Se vem depois dos males a ventura,
Vem depois dos prazeres a desgraça.
Estão os mesmos deuses
Sujeitos ao poder do ímpio Fado:
Apolo já fugiu do Céu brilhante,
Já foi pastor de gado.
Ah! enquanto os Destinos impiedosos
Não voltam contra nós a face irada,
Façamos, sim façamos, doce amada,
Os nossos breves dias mais ditosos,
Um coração, que frouxo
A grata posse de seu bem difere,
A si, Marília, a si próprio rouba,
E a si próprio fere.
Ornemos nossas testas com as flores;
E façamos de feno um brando leito,
Prendamo-nos, Marília, em laço estreito,
Gozemos do prazer de sãos Amores.
Sobre as nossas cabeças,
Sem que o possam deter, o tempo corre;
E para nós o tempo, que se passa,
Também, Marília, morre.”
(Tomás Antônio Gonzaga)
10. (PUC-MG/97) O texto I é barroco; o texto II é arcádico. Comparando-os, é correto afirmar, EXCETO:
a) Os barrocos e árcades expressam sentimentos.
b) As construções sintáticas barrocas revelam um interior conturbado.
c) O desejo de viver o prazer é dirigido à amada nos dois textos.
d) Os árcades têm uma visão de mundo mais angustiada que os barrocos.
e) A fugacidade do tempo é temática comum aos dois estilos.

ROMANTISMO

1. (Ufpe 2012)  Considere as afirmações abaixo a respeito da produção literária brasileira que prosperou na 
primeira metade do século XIX. 
(     )  No Brasil, o Romantismo desenvolveu-se após a Independência. Na Europa, com o ressuscitar do passado, o nativismo explorou figuras e cenas medievais; em nosso país, com o indianismo romanceando as origens nacionais, o mundo indígena foi enfocado com heróis baseados em personagens e ações reais.   
(     )  José de Alencar, na prosa, criou uma galeria de heróis indígenas que se submetiam voluntariamente ao colonizador. Por exemplo, em O Guarani, Peri é escravo de Ceci e converte-se ao cristianismo, sendo batizado. Em Iracema, a personagem título se submete ao branco Martim, entrega que implica sacrifício e abandono de sua tribo de origem.  
(     )  Em Ubirajara, narrativa que enfoca uma fase anterior à colonização, Alencar despertou para a falsidade da idílica submissão dos colonizados aos colonizadores, escrevendo: “Foi depois da colonização que os portugueses, assaltando os índios como a feras e caçando-os a dente de cão, ensinaram-lhe a traição que eles não conheciam”.  
(     )  Gonçalves Dias, que representa o Indianismo na poesia, já nos Primeiros Cantos, tem a consciência do destino atroz que aguardava os tupis com a conquista portuguesa. Na fala do xamã, as predições são assustadoras: “Manitós já fugiram da Taba/ ó desgraça! ó ruína! ó Tupã!”  
(     )  Gonçalves Dias lamentou a sorte do Novo Mundo, com sua gente vencida e suas terras profanadas. Além do mais, o escritor maranhense, diferentemente de Alencar, dá voz ao nativo: “Chame-lhe progresso, quem do extermínio secular se ufana/ Eu, modesto cantor do povo extinto, /Chorarei os vastíssimos sepulcros”.  

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
TEXTO VI

ADORMECIDA


Uma noite, eu me lembro... Ela dormia
Numa rede encostada molemente...
Quase aberto o roupão... solto o cabelo
E o pé descalço do tapete rente.

‘Stava aberta a janela. Um cheiro agreste
Exalavam as silvas da campina...
E ao longe, num pedaço do horizonte,
Via-se a noite plácida e divina.

De um jasmineiro os galhos encurvados,
Indiscretos entravam pela sala,
E de leve oscilando ao tom das auras,
Iam na face trêmulos — beijá-la.

Era um quadro celeste!... A cada afago
Mesmo em sonhos a moça estremecia...
Quando ela serenava... a flor beijava-a...
Quando ela ia beijar-lhe... a flor fugia... 

Dir-se-ia que naquele doce instante
Brincavam duas cândidas crianças...
A brisa, que agitava as folhas verdes.
Fazia-lhe ondear as negras tranças!

E o ramo ora chegava ora afastava-se...
Mas quando a via despeitada a meio.
P’ra não zangá-la... sacudia alegre
Uma chuva de pétalas no seio...

Eu, fitando a cena, repetia
Naquela noite lânguida e sentida:
“Ó flor! – tu és a virgem das campinas!
“Virgem! — tu és a flor da minha vida!...”



CASTRO ALVES. Espumas flutuantes. In Obra compIeta Rio de Janeiro: Nova Aguar, 1986. p. 124-125.
2. (Uff 2012)  Assinale a alternativa INCORRETA em relação à análise do poema de Castro Alves (Texto VI).
a) A valorização de elementos da natureza confere sentidos particulares ao poema e indicia sua identificação com propostas estéticas do Romantismo.   
b) O poema se organiza a partir de um episódio registrado pela memória do sujeito lírico, o que amplia a subjetividade romântica presente em seu discurso.   
c) O poema se constitui, principalmente, como descrição de uma cena, repleta de elementos românticos, configurando-se de forma plástica e visual.   
d) O poema é percorrido por um tom melancólico, próprio do Romantismo, empregado pelo poeta para expressar a frustração amorosa do eu lírico.   
e) O ambiente noturno, privilegiado pelos poetas românticos, contribui, no poema, para o estabelecimento de uma atmosfera de sonho, de calma e de desejo.   

TEXTO PARA AS PRÓXIMAS QUESTÕES:
A última romântica

Cigarros, isqueiros, copos com drinques coloridos, garrafas vazias - de vodca, do licor de coco Malibu... Às flores, velas, retratos e mensagens de praxe os fãs acrescentaram em frente à casa de Amy Winehouse esses objetos que dão prazer, podem viciar e fazem mal à saúde. Para além da homenagem, era uma forma de participar do universo de excessos da cantora.
É curioso o apelo de Amy num mundo conservador, cada vez mais antitabagista e alerta para os riscos das drogas - um mundo onde vamos sendo ensinados a comprar produtos sem gordura trans e onde até as garotas de esquerda consomem horas dentro da academia.
Numa época em que as pessoas são estimuladas a abdicar de certos prazeres na expectativa de durar bastante, simplesmente para durar, Winehouse fez o roteiro oposto - intenso, autodestrutivo, suicida.
Sob o aspecto clínico, era uma viciada grave, necessitando desesperadamente da ajuda que insistia em recusar. Uma de suas canções mais famosas trata exatamente disso.
Amy foi presa fácil do jornalismo de celebridades, voltado à escandalização da intimidade dos famosos (quanto pior, melhor). Foi também, num tempo improvável, a herdeira de Janis Joplin, morta aos 27 em 1970, e de Billie Holiday, morta aos 44, em 1959, ambas por overdose.
Como suas antecessoras, Amy leva ao extremo o éthos romântico - do artista que vive em conflito permanente e se rebela contra o curso prosaico e besta do mundo. Na sua figura atormentada e em constante desajuste, o autoflagelo quase sempre se confunde com o ódio às coisas que funcionam. Numa cultura inteiramente colonizada pelo dinheiro e que convida à idolatria, fazer sucesso parecia uma espécie de vexame e de vileza, o supremo fiasco existencial, contra o qual era preciso se resguardar.
Nisso Amy evoca os gênios do romantismo tardio - Lautréamont, Rimbaud e outros poetas do inferno humano, que tinham plena consciência da vergonha de dar certo.
(SILVA, Fernando de Barros e. Folha de São Paulo, 26/07/2011) 
3. (Insper 2012)  A relação entre o título e as ideias expostas nesse artigo evidenciam que o autor 
a) pretende mobilizar os jovens de maneira que eles passem a incorporar hábitos saudáveis em seu cotidiano.   
b) considera que a cantora Amy Winehouse encarnava uma personagem exótica apenas para conquistar a fama.  
c) propõe que a morte de Amy Winehouse deva servir de alerta às celebridades que adotam estilo de vida destrutivo.   
d) tenciona estimular a criação de campanhas que combatam o tabagismo, o alcoolismo e o uso de entorpecentes.   
e) constata que as atitudes autodestrutivas não são exclusivas de artistas do mundo contemporâneo.    
4. (Insper 2012)  Considere esta definição:
Pressupostos são conteúdos implícitos que decorrem de uma palavra ou expressão presente no ato de fala produzido. O pressuposto é indiscutível tanto para o falante quanto para o ouvinte, pois decorre, necessariamente, de um marcador linguístico, diferentemente de outros implícitos (os subentendidos), que dependem do contexto, da situação de comunicação.
(Adaptado de FIORIN, J. L. O dito pelo não dito. In: Língua Portuguesa, ano I, n. 6, 2006. p. 36-37.)
A passagem do texto "A última romântica" em que a palavra sublinhada instaura um pressuposto é 
a) “... esses objetos que dão prazer, podem viciar e fazem mal à saúde.”   
b) “... era uma forma de participar do universo de excessos da cantora.”   
c) “... onde até as garotas de esquerda consomem horas dentro da academia.”   
d) “Sob o aspecto clínico, era uma viciada grave...”   
e) “Como suas antecessoras, Amy leva ao extremo o éthos romântico...”   

5. (Ufsc 2011)  O cristão repeliu do seio a virgem indiana. Ele não deixará o rasto da desgraça na cabana hospedeira. Cerra os olhos para não ver, e enche sua alma com o nome e a veneração de seu Deus: – Cristo!... Cristo!... Volta a serenidade ao seio do guerreiro branco, mas todas as vezes que seu olhar pousa sobre a virgem tabajara, ele sente correr-lhe pelas veias uma onda de ardente chama. Assim quando a criança imprudente revolve o brasido de intenso fogo, saltam as faúlhas inflamadas que lhe queimam as faces. [...] Abriram-se os braços do guerreiro adormecido e seus lábios; o nome da virgem ressoou docemente. A juruti, que divaga pela floresta, ouve o terno
arrulho do companheiro; bate as asas, e voa a conchegar-se ao tépido ninho. Assim a virgem do sertão aninhou-se nos braços do guerreiro. Quando veio a manhã, ainda achou Iracema ali
debruçada qual borboleta que dormiu no seio do formoso cacto. Em seu lindo semblante acendia o pejo vivos rubores; e como entre os arrebóis da manhã cintila o primeiro raio do sol, em suas faces incendidas rutilava o primeiro sorriso da esposa, aurora de fruído amor. [...] As águas do rio banharam o corpo casto da recente esposa. Tupã já não tinha sua virgem na terra dos tabajaras.
ALENCAR, J. de. Iracema. São Paulo: Núcleo, 1993. p. 39-41. 
A partir da leitura do texto acima e do romance Iracema, e considerando o contexto do Romantismo brasileiro, assinale a(s) proposição(ões) correta(s). 
01) Ao seduzir e possuir Iracema, Martim está consciente dos seus atos, e isso constitui traição tanto aos seus valores cristãos quanto à hospitalidade de Araquém. Quebra-se aqui, portanto, uma importante característica do Romantismo, a idealização do herói, que jamais comete ações vis.   
02) Em Iracema, os elementos humanos e naturais não se mesclam. Nas descrições que faz de Iracema, por exemplo, Alencar evita compará-la a seres da natureza, pois isso seria contrário ao princípio romântico de valorização de uma natureza pura, não contaminada pela presença humana.   
04) A adjetivação abundante (“ardente chama”; “intenso fogo”; “tépido ninho”; “vivos rubores”) é uma importante característica da prosa romântica, que será mais tarde evitada por escritores realistas.   
08) Ao entregar-se a Martim, Iracema deixa de ser virgem e, portanto, não poderia mais ser a guardiã do segredo da jurema; ainda assim continua a sê-lo, só deixando de preparar e servir a bebida quando Caubi descobre sua gravidez e a expulsa da tribo.   
16) Entre as várias manifestações do nacionalismo romântico presentes em Iracema, está o desejo de mostrar o povo brasileiro como híbrido, constituído pela fusão das raças negra, indígena e branca.   
32) Além de indianista, Iracema é também um romance histórico; serve assim duplamente ao projeto nacionalista da literatura romântica brasileira.   
  
6. (Ifsp 2011)  Leia o poema de Francisco Otaviano.
Ilusões da Vida
            Quem passou pela vida em branca nuvem,
            E em plácido repouso adormeceu;
            Quem não sentiu o frio da desgraça,
            Quem passou pela vida e não sofreu;
            Foi espectro de homem, não foi homem,
            Só passou pela vida, não viveu.
(SECCHIN, Antonio Carlos. Roteiro da poesia brasileira – Romantismo. São Paulo: Global, 2007.)
Este poema pertence à estética romântica porque 
a) sugere que o leitor, para ser feliz, viva alienado e distante da realidade.   
b) são explícitas as referências a alguns cânones do Catolicismo.   
c) expõe os problemas sociais que afetavam a sociedade da época.   
d) nele se percebe a vassalagem amorosa, isto é, a submissão do homem em relação à mulher.   
e) sugere que é importante viver, de forma intensa e profunda, as experiências da existência humana.   

7. (Unb 2011)  I-Juca Pirama
Gonçalves Dias

Meu canto de morte,
Guerreiros, ouvi:
Sou filho das selvas,
Nas selvas cresci;
Guerreiros, descendo
Da tribo Tupi.
Da tribo pujante,
Que agora anda errante
Por fado inconstante,
Guerreiros, nasci;
Sou bravo, sou forte,
Sou filho do Norte;
Meu canto de morte,
Guerreiros, ouvi.

Aos golpes do imigo,
Meu último amigo,
Sem lar, sem abrigo
Caiu junto a mi!
Com plácido rosto,
Sereno e composto,
O acerbo desgosto
Comigo sofri.

Meu pai a meu lado
Já cego e quebrado,
De penas ralado,
Firmava-se em mi:
Nós ambos, mesquinhos,
Por ínvios caminhos,
Cobertos d’espinhos
Chegamos aqui!

Eu era o seu guia
Na noite sombria,
A só alegria
Que Deus lhe deixou:
Em mim se apoiava,
Em mim se firmava,
Em mim descansava,
Que filho lhe sou.

Ao velho coitado
De penas ralado,
Já cego e quebrado,
Que resta? — Morrer.
Enquanto descreve
O giro tão breve
Da vida que teve,
Deixai-me viver!

Não vil, não ignavo,
Mas forte, mas bravo,
Serei vosso escravo:
Aqui virei ter.
Guerreiros, não coro
Do pranto que choro:
Se a vida deploro,
Também sei morrer.


A partir do trecho apresentado, extraído do clássico poema do indianismo brasileiro I-Juca Pirama, julgue os itens a seguir.
a) No contexto da literatura brasileira do século XIX, era incomum o recurso a protagonistas ameríndios em poemas épicos e romances. Especialmente os autores que se filiavam ao romantismo tenderam a dar destaque, nos seus textos a heróis de proveniência europeia, como forma de rejeitar o projeto de uma identidade brasileira, bem como de restaurar os laços com a cultura europeia, que haviam sido cortados desde a independência.
b) O refrão do poema — “Meu canto de morte,/ Guerreiros, ouvi” — remete ao passado do personagem épico I-Juca Pirama, como indica o emprego da forma verbal “ouvi”, flexionada no pretérito do indicativo.
c) Ao utilizar como recurso de composição a narrativa em primeira pessoa do singular, o autor potencializa o apelo romântico do texto, fazendo que o drama do personagem Tupi seja sublinhado pela perspectiva íntima, a partir da qual os fatos são apresentados.
d) Para conferir dramaticidade ao momento de tensão em que o índio Tupi se apresenta à tribo que o aprisionou, o poeta utiliza esquema métrico e rítmico ágil, destacando-se a redondilha maior e as rimas cruzadas.
e) O índio, nesse poema de Gonçalves Dias e nas demais obras do indianismo romântico brasileiro, é representado segundo técnica literária realista, por meio da qual se pretende revelar o índio como legítimo dono das terras e da identidade cultural do país.
f) Verifica-se, nas últimas estrofes apresentadas, que o grande temor do personagem narrador é a morte, apesar de a desdita que a vida reservou a ele e a seu pai ser apresentada em forma de lamento.
g) O movimento romântico brasileiro, do qual o poema I-Juca Pirama é produção exemplar, procurou estabelecer as bases literárias da identidade cultural brasileira, objetivando a superação do cosmopolitismo expresso pela estética neoclássica, característica do Arcadismo.
h) Autores do modernismo brasileiro retomaram o tema do índio moralmente forte como símbolo da nação, como se pode verificar na obra Macunaíma, de Mário de Andrade. 


 “Onde estás”

            1 É meia-noite... e rugindo

           2 Passa triste a ventania,
            3 Como um verbo de desgraça,
            4 Como um grito de agonia.
            5 E eu digo ao vento, que passa
            6 Por meus cabelos fugaz:
            7 “Vento frio do deserto,
            8 Onde ela está? Longe ou perto?”
            9 Mas, como um hálito incerto,
            10 Responde-me o eco ao longe:
            11 “Oh! minh’amante, onde estás?...”
            
            12 Vem! É tarde! Por que tardas?
            13 São horas de brando sono,
            14 Vem reclinar-te em meu peito
            15 Com teu lânguido abandono!...
            16 ’Stá vazio nosso leito...
            17 ’Stá vazio o mundo inteiro;
            18 E tu não queres qu’eu fique
            19 Solitário nesta vida...
            20 Mas por que tardas, querida?...
            21 Já tenho esperado assaz...
            22 Vem depressa, que eu deliro
            23 Oh! minh’amante, onde estás?...

            24 Estrela – na tempestade,
            25 Rosa – nos ermos da vida,
            26 Íris – do náufrago errante,
            27 Ilusão – d’alma descrida!
            28 Tu foste, mulher formosa!
            29 Tu foste, ó filha do céu!...
            30 ... E hoje que o meu passado
            31 Para sempre morto jaz...
            32 Vendo finda a minha sorte,
            33 Pergunto aos ventos do Norte...
            34 “Oh! minh’amante, onde estás?”


(CASTRO ALVES, A. F. Espumas flutuantes. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 2005. p. 84-85.) 
8. (Uel 2011)  Sobre a relação entre o poema e a obra Espumas flutuantes, considere as afirmativas a seguir.
I. Idealização da mulher amada e demonstração emotiva são modos de expressão típicos do poeta, inscrito no Romantismo brasileiro.
II. É um poema à parte de Espumas flutuantes, pois a idealização da mulher é tema fortuito na obra de Castro Alves.
III. O uso abundante de interrogações, exclamações e reticências fortalece seu teor sentimental, marca típica do Romantismo.
IV. Nos versos 16 e 17, o eu-lírico estende seu olhar sentimental, indo do espaço mínimo ao espaço máximo, a fim de expor sua imensa saudade.
Assinale a alternativa correta. 
a) Somente as afirmativas I e II são corretas.   
b) Somente as afirmativas II e IV são corretas.   
c) Somente as afirmativas III e IV são corretas.   
d) Somente as afirmativas I, II e III são corretas.   
e) Somente as afirmativas I, III e IV são corretas.   

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
Texto


O “Adeus” de Teresa

            A vez primeira que eu fitei Teresa,
            Como as plantas que arrasta a correnteza,
            A valsa nos levou nos giros seus...
            E amamos juntos... E depois na sala
            “Adeus” eu disse-lhe a tremer co’a fala...
            
            E ela, corando, murmurou-me: “adeus.”
            
            Uma noite... entreabriu-se um reposteiro...
            E da alcova saía um cavaleiro
            Inda beijando uma mulher sem véus...
            Era eu... Era a pálida Teresa!
            “Adeus” lhe disse conservando-a presa...
            
            E ela entre beijos murmurou-me: “adeus!”
            
            Passaram tempos... séc’los de delírio
            Prazeres divinais... gozos do Empíreo...
            ... Mas um dia volvi aos lares meus.
            Partindo eu disse – “Voltarei!... descansa!...”
            Ela, chorando mais que uma criança,
            
            Ela em soluços murmurou-me: “adeus!”
            
            Quando voltei... era o palácio em festa!...
            E a voz d’Ela e de um homem lá na orquestra
            Preenchiam de amor o azul dos céus.
            Entrei!... Ela me olhou branca... surpresa!
            Foi a última vez que eu vi Teresa!...
            
            E ela arquejando murmurou-me: “adeus!”


(CASTRO ALVES, Antonio Frederico. Espumas flutuantes. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 2005. p. 51.) 
9. (Uel 2011)  Sobre características do estilo de Castro Alves presentes no poema, considere as afirmativas a seguir.
I. Presença de uma visão erotizada do amor e da mulher.
II. Abandono do tom aclamatório presente nos poemas sobre os escravos.
III. Confirma sua inserção na segunda geração do Romantismo.
IV. Revela influência do sentimentalismo amoroso adulto.
Assinale a alternativa correta.
a) Somente as afirmativas I e IV são corretas.   
b) Somente as afirmativas II e III são corretas.   
c) Somente as afirmativas III e IV são corretas.   
d) Somente as afirmativas I, II e III são corretas.   
e) Somente as afirmativas I, II e IV são corretas.   
  
10. (Fuvest 2010)       Gente que mamou leite romântico pode meter o dente no rosbife* naturalista; mas em lhe cheirando a teta gótica e oriental, deixa logo o melhor pedaço de carne para correr à bebida da infância. Oh! meu doce leite romântico!
Machado de Assis, Crônicas.

*Rosbife: tipo de assado ou fritura de alcatra ou filé bovinos, bem tostado externamente e sangrante na parte central, servido em fatias.

a) A imagem do “rosbife naturalista” — empregada, com humor, por Machado de Assis, para evocar deter minadas características do Naturalismo — poderia ser utilizada também para se referir a certos aspectos do romance O cortiço? Justifique sua resposta.
b) A imagem do “doce leite romântico”, que se refere a certos traços do Romantismo, pode remeter também a alguns aspectos do romance Iracema? Justifique sua resposta. 

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
Tudo o que aqui escrevo é forjado no meu silêncio e na penumbra. Vejo pouco, ouço quase nada.
Mergulho enfim em mim até o nascedouro do espírito que me habita. Minha nascente é obscura. Estou escrevendo porque não sei o que fazer de mim. Quer dizer: não sei o que fazer com meu espírito. O corpo informa muito. Mas eu desconheço as leis do espírito: ele vagueia. Meu pensamento, com a enunciação das palavras mentalmente brotando, sem depois eu falar ou escrever – esse meu pensamento de palavras é precedido por uma instantânea visão sem palavras, do pensamento – palavra que se seguirá, quase imediatamente – diferença espacial de menos de um milímetro. Antes de pensar, pois, eu já pensei.
Clarice Lispector. Um sopro de vida.

11. (Uff 2010)  O modo de Clarice Lispector ver a criação literária guarda relação com o momento histórico em que ela escreve. Em outros momentos históricos, outras relações ocorreram.
Assinale a opção correta. 
a) O Modernismo relaciona-se com um modo de escrever que pretende discutir a criação literária e produzir a simplicidade e a métrica do pastoralismo.   
b) O Neoclassicismo relaciona-se com um modo de escrever que reproduz a arte barroca tal como ela era.   
c) O Realismo relaciona-se com um modo de escrever que se caracteriza pela musicalidade, pela sinestesia e pelas aliterações.   
d) O Simbolismo relaciona-se com um modo de escrever que apresenta a realidade tal como ela é.   
e) O Romantismo relaciona-se com um modo de escrever que adota a estética da expressão do eu autoral.   
  
12. (Enem cancelado 2009)  Texto 1


O Morcego

Meia-noite. Ao meu quarto me recolho.
Meu Deus! E este morcego! E, agora, vede:
Na bruta ardência orgânica da sede,
Morde-me a goela ígneo e escaldante molho.
“Vou mandar levantar outra parede...”
Digo. Ergo-me a tremer. Fecho o ferrolho
E olho o teto. E vejo-o ainda, igual a um olho,
Circularmente sobre a minha rede!
Pego de um pau. Esforços faço. Chego
A tocá-lo. Minh’alma se concentra.
Que ventre produziu tão feio parto?!
A Consciência Humana é este morcego!
Por mais que a gente faça, à noite, ele entra
Imperceptivelmente em nosso quarto!


ANJOS, A. Obra completa. Rio de Janeiro: Aguilar, 1994.
Texto 2
O lugar-comum em que se converteu a imagem de um poeta doentio, com o gosto do macabro e do horroroso, dificulta que se veja, na obra de Augusto dos Anjos, o olhar clínico, o comportamento analítico, até mesmo certa frieza, certa impessoalidade científica.
CUNHA, F. Romantismo e modernidade na poesia. Rio de Janeiro: Cátedra, 1988 (adaptado).

Em consonância com os comentários do texto 2 acerca da poética de Augusto dos Anjos, o poema O morcegoapresenta-se, enquanto percepção do mundo, como forma estética capaz de
a) reencantar a vida pelo mistério com que os fatos banais são revestidos na poesia.   
b) expressar o caráter doentio da sociedade moderna por meio do gosto pelo macabro.   
c) representar realisticamente as dificuldades do cotidiano sem associá-lo a reflexões de cunho existencial.   
d) abordar dilemas humanos universais a partir de um ponto de vista distanciado e analítico acerca do cotidiano.  
e) conseguir a atenção do leitor pela inclusão de elementos das histórias de horror e suspense na estrutura lírica da poesia.   
  
13. (Enem cancelado 2009)  O sertão e o sertanejo

Ali começa o sertão chamado bruto. Nesses campos, tão diversos pelo matiz das cores, o capim crescido e ressecado pelo ardor do sol transforma-se em vicejante tapete de relva, quando lavra o incêndio que algum tropeiro, por acaso ou mero desenfado, ateia com uma faúlha do seu isqueiro. Minando à surda na touceira, queda a vívida centelha. Corra daí a instantes qualquer aragem, por débil que seja, e levanta-se a língua de fogo esguia e trêmula, como que a contemplar medrosa e vacilante os espaços imensos que se alongam diante dela. O fogo, detido em pontos, aqui, ali, a consumir com mais lentidão algum estorvo, vai aos poucos morrendo até se extinguir de todo, deixando como sinal da avassaladora passagem o alvacento lençol, que lhe foi seguindo os velozes passos. Por toda a parte melancolia; de todos os lados tétricas perspectivas. É cair, porém, daí a dias copiosa chuva, e parece que uma varinha de fada andou por aqueles sombrios recantos a traçar às pressas jardins encantados e nunca vistos. Entra tudo num trabalho íntimo de espantosa atividade.

Transborda a vida. TAUNAY, A. Inocência. São Paulo: Ática, 1993 (adaptado).
O romance romântico teve fundamental importância na formação da ideia de nação. Considerando o trecho acima, é possível reconhecer que uma das principais e permanentes contribuições do Romantismo para construção da identidade da nação é a
a) possibilidade de apresentar uma dimensão desconhecida da natureza nacional, marcada pelo subdesenvolvimento e pela falta de perspectiva de renovação.   
b) consciência da exploração da terra pelos colonizadores e pela classe dominante local, o que coibiu a exploração desenfreada das riquezas naturais do país.   
c) construção, em linguagem simples, realista e documental, sem fantasia ou exaltação, de uma imagem da terra que revelou o quanto é grandiosa a natureza brasileira.   
d) expansão dos limites geográficos da terra, que promoveu o sentimento de unidade do território nacional e deu a conhecer os lugares mais distantes do Brasil aos brasileiros.   
e) valorização da vida urbana e do progresso, em detrimento do interior do Brasil, formulando um conceito de nação centrado nos modelos da nascente burguesia brasileira.   
  
14. (Uepg 2008)  Canto IX - I Juca Pirama
O guerreiro parou, caiu nos braços
Do velho pai, que o cinge contra o peito,
Com lágrimas de júbilo bradando:
"Este, sim, que é meu filho muito amado!
E pois que o acho enfim, qual sempre o tive,
Corram livres as lágrimas que choro,
Estas lágrimas, sim, que não desonram".
(Gonçalves Dias. "Poesias Americanas")
Com relação à obra indianista de Gonçalves Dias, e sobre este poema em particular, assinale o que for correto.
01) O herói do poema não é apenas um índio tupi: representa todos os índios brasileiros ou ainda todos os brasileiros, uma vez que o índio foi durante o Romantismo o representante de nossa nacionalidade.   
02) O poeta, ao pôr em discussão profundos valores e sentimentos humanos, como a bondade filial e a honra, supera os limites da abordagem puramente indianista e ganha universalidade.   
04) O índio de Gonçalves Dias diferencia-se do de Joaquim Norberto e Gonçalves Magalhães, não pela questão de autenticidade do índio, mas por ser mais poético, como vemos em "I-Juca-Pirama". O deslumbramento sem vulgaridade do herói indígena traduz a poesia do poeta, malabarista de ritmos nos sentimentos de heroísmo, dignidade, generosidade, bravura, maldição e tradição.   
08) Quanto aos aspectos formais, em "I-Juca-Pirama" Gonçalves Dias variou a métrica de trecho em trecho. Teoricamente, o poeta teria desprezado a metrificação. No entanto, do ponto de vista expressivo, a variação métrica utilizada produz a iconicidade sonora do texto, construindo plasticamente o poema como um significante rítmico do ritual narrado.   
16) I Juca Pirama significa "aquele que é digno de ser morto"; o poema conta a história de um guerreiro tupi, aprisionado pelos Timbiras, que vai morrer em um festim canibal.   
15. )  Leia o poema a seguir, de Álvares de Azevedo, e escolha a afirmação CORRETA a seu respeito:
                        

PÁLIDA INOCÊNCIA

Por que, pálida inocência,
Os olhos teus em dormência
A medo lanças em mim?
No aperto de minha mão
Que sonho do coração
Tremeu-te os seios assim?

E tuas falas divinas
Em que amor lânguida afinas
Em que lânguido sonhar?
E dormindo sem receio
Por que geme no teu seio
Ansioso suspirar?

Inocência! quem dissera
De tua azul primavera
As tuas brisas de amor!
Oh! quem teus lábios sentira
E que trêmulo te abrira
Dos sonhos a tua flor!

Quem te dera a esperança
De tua alma de criança,
Que perfuma teu dormir!
Quem dos sonhos te acordasse,
Que num beijo t'embalasse
Desmaiada no sentir!

Quem te amasse! e um momento
Respirando o teu alento
Recendesse os lábios seus!
Quem lera, divina e bela,
Teu romance de donzela
Cheio de amor e de Deus!


a)  Trata-se de um poema pertencente à terceira fase do Romantismo, na qual prevalece a poesia de cunho social, caracterizada pelo uso de linguagem inflamada e grandiloquente.   
b)  Trata-se de um poema pertencente à segunda fase do Romantismo, o que se pode perceber pela figura de mulher inacessível, virginal e infantilizada.   
c)  Trata-se de um poema pertencente à primeira fase do Romantismo, o que se pode perceber pelas referências à natureza brasileira ("azul primavera", "brisas de amor", "tua flor").   
d)  Trata-se de um poema pertencente ao Parnasianismo, o que se pode perceber pelo erotismo contido e pelo uso do metro de 10 sílabas.   
e)  Trata-se de um poema pertencente ao Arcadismo, como revelam tanto a figura feminina acessível (mulher companheira) quanto à natureza estilizada, artificial ("azul primavera").   

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